segunda-feira, 25 de julho de 2011


Eu descendo as escadas
Você olhando pela janela
Eu andando em marcha lenta
Você quebrando as paredes
Eu observando as nuvens
Você esquecendo-se de regar as plantas
Eu no ponto de ônibus
Você fazendo limonada
Eu me assistindo nas vitrines
Você secando o suor da testa
Eu sentindo o peso das coisas
Você sentado no canto da sala
Eu esperando pelo brilho da lua
Você enchendo as formas de gelo
Eu voltando vago pela noite
Você deixando a água pelo seu corpo
Eu abrindo portas
Você sorrindo descansado.

domingo, 24 de julho de 2011


Eu e a lua caminhando pelo deserto
nenhuma onda de calor a atravessar
poeira e areia que querem me afundar
o suor do meu corpo é o que me dá de beber
paisagens murmurantes adiante dos olhos
não me engano diante este mar
mas não consigo correr desse céu
então paro, respiro e me pergunto
quem virá me embalsamar?

Eu só tenho uma flor
nela está todo o meu amor
aceite-a, por favor,
mesmo que ela não esteja tão bela
mesmo que as pétalas estejam amarelas
ela carrega um cheiro doce
e se abre todas as manhãs
nela tem sorrisos e lágrimas
e espinhos também
mas não brinque de bem-me-quer mal-me-quer
ela já não é mais criança
por vezes se viu plantada em deserto
entretanto já visitou vários jardins
mas agora ela só quer um regador.