sexta-feira, 21 de maio de 2010


O piano toca lá dentro
aqui o vento passa calmo
as luzes piscam pra mim
meu pés querem voar
ando pelo salão vermelho
a dança é interminável
as cordas vibram em mim
as escadas pulam degraus
é meu corpo no ar
baladas de rock
o ar se rompe por mim
agora é só olhar pra cima
andar pelo quarteirão
os carros passando
a minha música tocando
dentro de mim.

quinta-feira, 20 de maio de 2010


Como posso gastar do mar
se não aprendi a nadar?
Se teus braços nunca
bateram água pra mim,
como poderia sentir o sabor
do sal no meu corpo?
E agora as águas secaram
sem que meus olhos
derrubassem uma gota
para aflorar um rio em mim.
E seco o sol partiu,
rachou minhas mãos
e meu orgulho torto.
Agora a noite vem
trazendo frio e estrelas
e eu ainda na esperança
de um dia merecer o mar.

quarta-feira, 19 de maio de 2010


Uma rosa vermelha perdendo suas pétalas

as casas tem seus telhados varridos por uma ventania

as ruas são invadidas pela chuva que não se cansa

os carros se cobrem da branca neve que caiu pela madrugada

os caixões se deitam com a terra vermelha e úmida

as árvores se desnudam com a entrada do outono

meu peito fica vago quando você sai pela porta da sala

o sol se despede a noite, mas ele sempre acorda pela manhã e me sorri.

domingo, 16 de maio de 2010


A cidade era uma tristeza só,

a neblina a cobria de lágrimas,

as casas já não se viam

e atrás das cortinas estava eu,

inerte, esperando o dia acabar.

O mar me leva em sua doce tristeza fria,

nado por entre rochedos e encostas,

me afogo nas ondas da melancolia.

É tudo mentira, nada é real,

nem as pedras, nem as nuvens,

nem o olhar matinal.

Desta vez não haverá palavras de despedida,

nenhum abraço ou lágrimas

somente a porta se fechando

e a chave rodando do outo lado.

Caneta e papel na mão

como transformar a minha dor

em palavras que não rimem com amor?

Minha poesia não se prende a tristeza,

ela se faz na beleza das lágrimas

que passeiam pelo meu corpo desnudo

e se transformam em palavras maduras

quando tocam o solo sob meus pés.

terça-feira, 11 de maio de 2010


Hoje eu quero um abraço
pra poder sossegar meus olhos vermelhos.
Quero uma cama quente
que me faça esquecer o passado.

Hoje eu preciso de conchas do mar
onde eu possa morar para ver o sol raiar.
Preciso de uma estrela cadente
pois meu desejo não se apagou completamente.

Hoje eu sinto vontade de água
pois me sequei junto as roupas perfumadas.
Sinto o vento soprando em meu ouvido
palavras de pólem dourado.

Ontem foi um dia de chuva
lavou toda a calçada de pedra.
Ontem passou voando por mim
e deixou a porta aberta.

O vento bate, o mar se resolve em ondas anis,
o sol se põe, meu corpo se esconde entre lençóis
nada foge, tudo se espalha em algum lugar
o horizonte se ajusta ao meu olhar
as brasas se despem em vermelho sem pestanejar
para onde vou quando o dia raiar?
Não sei e nem consigo perceber o caminho a trilhar,
mas me pego imaginando entre as pétalas e os espinhos.

terça-feira, 4 de maio de 2010


Espalhei pela sala solitária
nossas fotos rasgadas,
a música toca baixo, tímida,
meus pés estavam encolhidos
no sofá roto marrom.
A porta permanece entreaberta,
o vento entra e sai,
assim como o cheiro das rosas.
Minhas lágrimas perderam-se,
foram embora dentro dos vasos de lírios.
Me abraço como numa despedida,
meu corpo se despe
em uma suavidade elegante.
Minha alegria é melancólica,
sonho com navios no mar
e uma carta queimada.
Agora o sono vem
pequenas doses de veneno
e um pouco de mel em meu leito.