segunda-feira, 29 de outubro de 2012


Era pra ter um pouco de inverno
mas ficou tudo tão glacial
sem as tuas palavras em meus ouvidos
e ao perceber que o vazio criou sentido.
Era pra ser só uns flocos de neve a cair
e não ter a distância congelante
que devastou tudo que estava enraizado
pois perdeu-se o calor de teu colo.
Era pra ter fina chuva de calmaria
não pra que inundasse o mundo com prantos
que quando seca encobre tudo de sal
mas não preserve nada mais.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012


O nome que me destes antes de ir
não combina com nenhuma flor
que brota em chão ressecado.
E as horas que nos demos ao partir
não fez nenhum raiar do dia
entre as rubras nuvens espessas.
Ficamos só ali parados de costas
sem desligarmos os fios brancos
da tomada que movia nossos olhos.
Esperamos tudo queimar em vão
porque das cinzas já era carvão
das lágrimas sobre nossos ombros.

domingo, 21 de outubro de 2012


E foi só uma noite
nuvens ao vento
nenhuma estrela a sorrir
partia o verão
sob os faróis do avião.
O frio que se fez
veio na contramão
pulsando sobre nossos pés
por onde andávamos
cada qual na sua direção.
E o tempo quebrado
não se consolava
era só poça d’água
que se aproximava devagar
tentando nos afogar.
E no horizonte que surgia
não havia nenhuma cor
e tudo evaporou
levando nossas palavras
até o som do fim.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012


Tudo que podemos ser
agora é só memória
vivenciada além do tom
sentida sem ponto final
sabendo que nada é ilusão
porque a dor nos aperta
num simples adeus
mas sorrimos depois
pois pensamos em nós
e as lágrimas vem
pra guardar a saudade
que desata todos os nós.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012


E se ao voltar
eu não andar até ti
e tudo ficar perdido
no meio da solidão?
E se eu me calar
com a garganta rouca
e deixar de lado
aquele beijo molhado?
E se nada fizer sentido
mesmo que esteja resolvido
e nada nos tirar
do meio do abismo?
E se as horas correrem
querendo nos alcançar
e já estando distantes
nada fosse mais vingar?