sábado, 23 de abril de 2016


Não há nada que eu possa citar
Tampouco que me faça escutar
Entre os tapetes da sala vazia
Só um beijo idiota de bar.
Meu corpo chora pulsares
E minhas mãos amassam
Um bilhete que ferre cortando,
Mas não consigo chorar.
Portas e janelas abertas
Escuro, só depois de dobrar
A esquina sussurrante
No caminho do mar.
As ondas batendo no peito
Nada para me refrescar
Sinos rachados no navio
Parado no meu olhar.
Para que vigiar estrelas
Se o tempo passou
E me distraio num relance
De uma falta de ar.

domingo, 3 de abril de 2016


Da última vez que me amei
Não era onze de setembro
Era mais pro fim de mês
Numa tarde de céu blasè
Estava sentado no sofá
Contando alguns trocados
Pro ônibus que eu iria pegar
Entre um ponto e outro
Desceu aquele amor
Fatigado pelos solavancos
Do coletivo desilusão.