domingo, 29 de setembro de 2019

Da despedida voltei
Com olhos para o mar
Na garganta carreguei
Todas as vozes que ouvi
Do adeus a você
E um par de asas
Nasceu ao dar de costas
Da parte que levou de mim
O caminho iluminado
Das pedras se livrou
Agora são só as cartas
Rasgadas pelo chão
Os lençóis para dobrar
A televisão ligada
No canal que não assisto
A porta da frente fechada
A campainha estragada
As caixas foram abertas
Dos presentes ausentes
Onde estão meus versos
Algum novo livro há de chegar.
Assim que nascer uma nova canção
E meus ouvidos tocar
O amanhã vai aparecer.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Enquanto eu vagueio
Meu coração anda vago
Minhas pernas não bambeiam
Mas minhas mãos seguram água
Mas se nada cruzar o caminho
Vou trocar o meu signo
E viajar de madrugada
Tatear o sol e a lua
Esquecer da hora errada
Para ver se algum você se anuncia
A chegada mesmo atrasada
E fazemos a madrugada
Livre do não querer nada

domingo, 15 de setembro de 2019

Sou tipo João Bobo
Apanho e volto
Volto a apanhar
No vai e vem
Uma hora se fura
E tudo se esvai
Coloca-se um band-aid
As vezes dois ou mais
Me desconfiguro
Não seguro mais todo o ar
Tento, mas preciso respirar
Então me deito
Espero passar
Passa as vezes devagar
Mas volto a levantar
E aquela emoção
Que me faz rodopiar
Fico esperando voltar.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Em qual direção te encontro dormindo
Queria estar ao seu lado distraído
Esperando as folhas caírem das árvores
A luz entrando pela janela para te despertar
Sorria ao se levantar e no caminhar
Vamos, vai ser de manhã para sempre
Na nossa imaginação pueril
A tarde vai demorar a chegar
Vamos rodar o mundo nesse girar
Nossos pés indo até onde queremos chegar
Guarde o tempo de valer a memória
Dos sonhos e histórias que vá contar
Guarde o que precisar guardar
De você, do amor, de um outro lugar
Vá por ali, navegar no mesmo mar
Que me encontrou no inverno passado
E eu vou nas entrelinhas do meio-dia
Em melodias para te alcançar
Longe das turbulências do mar.

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Vendo poesias
De cartas rasgadas pela dor
De mergulhos pra te afogar
De palavras pra dilacerar sua alma
Carregadas com o cheiro do brejo
Com frases que apertam seu pescoço
Feitas da mais pura verdade
Que me permite morrer em paz.