sábado, 29 de novembro de 2014


Eu só preciso de um poema espremido
de água e alguns pedaços de pão
não quero nada mais necessário
nem cinzas e nem rosa em botão
nada que cabe em meus olhos
ou suporte a minha respiração
que transforme a noite
ou que pulse sobre minha mão
que ilumine a avenida e os becos
e que acabe me trazendo a razão
me dê só um papel dormido
que eu rego essa solidão.

domingo, 2 de novembro de 2014


Não há sangue no chão
os carros passam
e não ocupam a contramão
tudo ruido ao olhar pra trás
está vazio teu colchão
os olhos do gato
fechados pela escuridão
pedaços de bolo e velas
entre os tijolos da construção
nenhuma mão segurando o pão
sem mar, sem sal, sem gostar
ferindo a pele da solidão
linhas vazias pra configurar
vago pedaço de coração
sonho bolorento desfeito
moscas sorvendo a desilusão.