segunda-feira, 25 de setembro de 2017


Procurei, sem nunca conseguir encontrar
Em nenhum deserto, em nenhum bar,
Aquele que eu pude um dia amar
Todos os outros já morreram no mar
Não há mais cheiro vagando pelo ar
A música na vitrola parou de tocar
E a vida em nuvem parou de rodopiar
Minha alma agora só quer descansar
Mas os letreiros de neon querem brilhar
E meus olhos não conseguem fechar
Minhas mãos tremem fazendo brotar
O líquido daquele louco amar
Que em flor da lápide fez nosso morar
E não me faz parar de sangrar
Enquanto sua boca não mais tocar

sexta-feira, 22 de setembro de 2017


Eu não vou querer ser flor de acácia
Onde não há deserto para regar
Onde o céu permanece escuro
Eu não vou tentar voar para longe
Enquanto os galhos forem cortados
Enquanto o sol insiste em cegar
Eu não vou conseguir parar de andar
Já que a noite insiste em ficar
Já que todos resolveram abortar
Eu não vou deixar de amar
A quem eu possa segurar nos braços
A quem eu possa ser dentro de ti
Eu não vou parar de sangrar
Para que se possa me olhar sem temor
Para que se possa me calar em dor

quarta-feira, 20 de setembro de 2017


As balas perdidas ferem a poesia do dia
As bocas ressecadas são mordidas pela violência
As mãos em prece seguram armas de preconceito
Os dentes brancos se sujam do vermelho escuro
Os jogos torcem pelas arquibancadas vazias
Os pés correm em gritaria pelas vielas marrons
As telas refletem os amores perdidos no estômago
O tempo retrocede com foguetes de inverdades
Os rostos não se enrubescem pelo ódio
Os olhos revirados miram para fora do transtorno
As crianças correm dos seus falos paternos
O coração insiste em petrificar tudo a sua volta
E vamos lutando contra todos os homens de bem