quinta-feira, 28 de julho de 2016


Me interesso por melodias engarrafadas
Adocicadas e misturadas a cicuta
Difíceis de engolir a seco
Que se tomam lentamente
Durante os invernos vindouros
Onde nenhuma criança as escutará
E nenhum leão as esquecerá.
Gosto do barulho dos metais se retorcendo
Tão delicadamente gentis
Sorvendo as nuvens pueris
Presas as minhas costas
Forjadas de pó e acetato
Em longos dias de deserto.
Amo os foguetes da vergonha
Presos no espaço entre as palavras
Onde a luz se desfaz
Tensa e fragilizada de futuro
E onde corre a noite sem fim.

domingo, 24 de julho de 2016


Ontem não voltei pra casa
Preferi seguir adiante
Com os bolsos e lapela vazios
Sem ao menos um trocado
Fazendo diversas paradas
Enterrando meus pés na lama
Queimando meu couro no tempo
Hoje eu retorno mais alto
Com os mesmos bolsos
Ainda sem nenhum trocado
Com meus pés cheios de calos
E meu corpo mais rachado
Amanhã vou embora de novo
Com os bolsos rachados
Trocando só meus sapatos
Com a pele alvejada
E um pouco mais pardo.