terça-feira, 27 de agosto de 2019

Nenhuma palavra
Luzes apagadas
O orifício do cu
E mais nada.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

33 tiros no escuro
66 corpos no chão
100 nenhum perdão

sábado, 24 de agosto de 2019

Branca cruz do eterno pátrio
Soltai rojões de ópio e ócio
Enquanto curva-se o sal amargo
Nas mãos de impuros homens de véu
Sinais de fogo sobre a carne
Abate os olhos do destino
Surge em horizontes levianos
O prurido nosso eterno mal-estar dos ossos
Quão boca fechada se desgasta
E tão vago estão os músculos
Queremos só beber da lama
E comer a saliva já engolida

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Mais atento
Eu tento
E erro

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Sou um quieto animal
Escondido no fundo da minha jaula
Paredes e grades que eu mesmo construí
Uso máscara para esconder olheiras
Meu sono é de um frio só
Não me acalmo sonhando no céu
A claridade me fere demais
Pari a sombra pela qual caminho
Sigo reto com pernas bambas
Segui a trilha da montanha
Meus pés cavam buracos
Me atiro livre ao mar
Nunca deixo as ondas me arrastarem
Volto para areia, não aprendi a me afogar
No meu relógio só funcionam os minutos
O tempo lá fora é muito veloz
Dois, três, quatro cavalos me atropelam
Desço a ladeira de costas
Meu mármore é de corpo intacto
São Jorge me protege dos olhares
Repito histórias, conheço poucas palavras
Placas de não estacione me cercam
Minha vida escrita no receituário
E a morte, ah, a morte
Essa já me chegou a tempos.