quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Sou um quieto animal
Escondido no fundo da minha jaula
Paredes e grades que eu mesmo construí
Uso máscara para esconder olheiras
Meu sono é de um frio só
Não me acalmo sonhando no céu
A claridade me fere demais
Pari a sombra pela qual caminho
Sigo reto com pernas bambas
Segui a trilha da montanha
Meus pés cavam buracos
Me atiro livre ao mar
Nunca deixo as ondas me arrastarem
Volto para areia, não aprendi a me afogar
No meu relógio só funcionam os minutos
O tempo lá fora é muito veloz
Dois, três, quatro cavalos me atropelam
Desço a ladeira de costas
Meu mármore é de corpo intacto
São Jorge me protege dos olhares
Repito histórias, conheço poucas palavras
Placas de não estacione me cercam
Minha vida escrita no receituário
E a morte, ah, a morte
Essa já me chegou a tempos.

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