sábado, 20 de junho de 2020

Será que vemos as mesmas estrelas ao olharmos para o céu?
O brilho ao redor de nossos corpos se misturam na cama?
Nossa febre percorre os mesmos caminhos os quais nos escondemos?
O cheiro que exalamos ainda é o mesmo de quando nos beijamos?
Quem guardará para nós aquela xícara de café requentado?
O animal que nos habita está cansado de caçar e virou caça?
Qual seria o caminho mais vazio que poderíamos seguir ao nascer do sol?
O que sobrará ao final quando tudo já for dito entre nós?

sábado, 13 de junho de 2020

Já somos velhos o bastante para nos cuidarmos
E jovens o suficiente para nos saborearmos
Qualquer tempo junto é o que importa
Sorrisos cortam alegremente o ar
Não precisamos parecer com ninguém
Ainda que todos sejam iguais a nós
Levemos nossos pés para fora do concreto
E dancemos sempre no meio do salão
Somos crianças correndo pela vida
Despreparados para sentir qualquer dor
Sempre haverá algo forçando a nos separar
Mas o band-aid só sairá quando um de nós puxar.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Por que se ama?
Não sei, ainda não aprendi
A escola nada me disse
Nos livros são sonhos
A vida não me apresentou
Onde estará a resposta?
Não sei, é preciso procurar
Em cada onda que se quebra
Nas estantes empoeiradas
Pelas ruas que andamos
E se não existir?
Não sei, podemos inventar
Em cada canto de pássaro
Na chuva que cai
Nos postes que iluminam
Caso não o reconhecermos?
Não sei, podemos nos iludir
Em poemas bem rimados
Nos odores dos perfumes
No abajur ao lado da cama
Podemos não o querer?
Não sei, talvez não se possa viver
Os romances ficariam sem final
O luar se afogaria no mar
O sol não acordaria no dia seguinte
Então como é amar?
Não sei, mas posso tentar falar
É sorrir com teu olhar
Arrepiar com teu corpo
Aquecer com tua voz.

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Feche as janelas
Estamos a salvo aqui dentro
Nessa casa vazia
Vamos desarrumar
A cama grande e fria
Que deixamos para trás
O café ainda está quente
Colemos a porcelana
Que se despedaçou em mil
Encha a banheira
Deixa a água transbordar
Afundemos nossos corpos
Desligue a televisão
Deixe só o som dos passos
Andamos na mesma direção
Molhe os lábios
Aproxime-se do vento
Sinta o peso do meu rosto
Feche os olhos rapidamente
Ignore a guerra lá fora
Deixe meus braços te segurar
Abra a porta
Vamos encontrar o mar
Já é seguro lá fora.