terça-feira, 26 de novembro de 2019

Ursinhos de pelúcia e cama vazia
A noite inaugurando avenidas
T(M)eu corpo por entre postes
Luzes encharcam calçadas
E a velocidade avança desesperançada
Sem reparar na maquiagem
Borrada do vermelho de dor e amor
O suor dançando por entre as pernas
Balança a parte solta do chão
E num pico esquece a solidão
Mais de cem respiradas para se manter viva
A esquina se dobra em mil ilusões
Os olhos olham para o tédio diário
Tudo se move lentamente agora
Um sorriso para abrir a porta
O letreiro pisca por medo
Sons ofegantes da luxuria
O fim trazido pela nota vazia
Guarda o batom e o pão dormido
Esconde os sonhos no café da manhã.

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Fomos o que podíamos ser
Um copo de vinho barato no bar
Alguns trocados na porta da igreja
Um pouco de terra batida molhada
A sombra na parede banhada pela esquina
Algo tentava nos impulsionar a sermos mais
A ponte deitada sob o sol da manhã
Os livros escondidos na estante da biblioteca
A vontade da carne rasgada pelo gancho
As flores que não se abriam no outono
Mas as coisas as vezes vem em vão
Como a descida para o purgatório
As danças maliciosas no salão brilhante
Os tacos soltos que tropeçamos no quarto
A lua que se escondia nas nuvens de chuva
E ficou aquilo que permitimos
A ausência de nós nos dias pares
O olhar da janela para dentro da sala
O controle remoto sobre o sofá
A alegria do vagalume pelas tardes mornas.