segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Me diga algo que me deixe forte
Que traga a luz pro meus olhos azuis
Que aspire a fumaça dos dias cinzas
Que transforme o calor das minhas mãos
Meus medos mais febris foram em vão
Porque nada que fizestes fez chover
E só nos restou a pirataria do amor
Sem som, sem luz, sem dor.
Um beijo e isso é tudo
Assim nos reconhecemos
Depois nossos corpos abertos
Se tocam contra a parede do mundo
Um barulho de ferro oxidado
Entrando cambaleando pela janela aberta
Já é dia em outro país
E aqui nunca amanhece no jardim
Tapetes de feltro se deitam
Rasgamos todos estranhamente
Dor de um parto ou outro
Não há silêncio através de nós
Doravante não haverá alma alguma
Só restará o que sobrou da janta
Cubram-se com os espantalhos
Enquanto nós seremos o homem de lata
Corram para as montanhas de neve
Seremos todos pedra de sal.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Eu sou muito cru
Tudo sempre igual
Já me cansei de mim
Preciso de mudança
Ou parar de escrever
E ir viver o raiar do dia
Talvez só escutar a brisa
Quem sabe me deitar
Outrora posso só calar
Mudar a direção do olhar
Comemorar as incertezas
Atravessar o claro vazio
Dançar os silêncios
Dizer não ao não
Ou simplesmente
Parar de fugir de mim.