sexta-feira, 21 de setembro de 2018


O tempo nada espera
Sou eu segurando o mar
Enquanto ele ria apressado
E me olhava distante no nada
E eu lembrando de mim
O tempo não para
Me afogo no que havia de bom
Enquanto ele dava de costas
E andava de patinete
E eu apagando os erros
O tempo rasga o céu
Me segura enquanto olho
E ele deita suavemente
Repousando a dor singela
E eu costurando o coração
O tempo dá adeus
Eu me sento de lado
E ele desabotoa o paletó
E me abre os braços
E nós poderíamos respirar mais.

Deitar é bom
É onde você escapa da solidão
É onde se esconde o coração
E onde você esquece da noite vazia

Fechar os olhos é bom
É ficar em pé na estação
É esquecer de pisar no chão
É onde não se espera nenhum segredo

Morrer é bom
É assim que saio da canção
É quando mudo de espelho
É a hora de saltar pelo salão

domingo, 16 de setembro de 2018


Escutei batidas na porta
Caminhei devagar até ela
Olhei pelo olho mágico
Era vontade de você
Em pé, parada, me esperando
Pedindo para entrar
E eu apavorado do outro lado
Com medo de me machucar
De expor nova ferida aberta
Mão trêmula na maçaneta
Um giro e tudo se faz
Deixar as cinzas e o fogo entrar
Cegar com toda luz dos olhos meus
Dançar entre pedras soltas
Pular os degraus mais altos
Largar o medo dentro da sala
Trancar-me do lado de fora
Viver uma velha nova canção
Permitir a agulha rodar
E me tocar com seu grave.