domingo, 10 de janeiro de 2010


Uma linha branca
pronta para ser transpassada
uma violação da alma
negra e pura
que se acessa
ainda febril
turbilhão às avessas
não cabe mais na linha
e alinha com o mundo
deselegantemente banal
ao qual não pertenço
ou pela falta de senso
ou de sentido
pois tanto faz se chove
ou se seca a carne ao sol
tanto faz
a sombra já não importa mais
tampouco o cheiro das frutas
e a música é jazz
a trilha se faz em blues
uma coisa da bossa’n’fossa
sem vento ou trovões
sem passarelas e marquises
somente guetos e buracos
que tentam sobreviver
à margem sem rio
sem mar, sem fim,
sem pássaros, sem ais de mim,
sem alma,
sem tudo, sem nada,
somente o só e eu
que não sabe o que sou
que estou
onde o estar não está
onde o branco e o preto
já não são cores
e o nada se confunde
com o tudo por igual
e nada mais é nada mais.

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