sábado, 18 de setembro de 2010


Pelas ruas onde passam sonhos
encontro páginas de jornal rasgadas
manchetes que gritam pelos arranha-céus
eu já não sei o que fazer, o que dizer


Estou perdido em pleno ar
nenhuma esquina me condenará
somente um rastro verde vem chamar
e os meus pés a se cansar, a se delatar


Mas o que fazer nesta cidade
não encontro quem amo
e perco minha alma


Entre concretos e estrelas
meu coração se desprende
quero alcançar os seus olhos, os seus beijos


Me imagino em cada lugar
meus desejos já estão a perguntar
por que eu vim? Para que ficar?
Não será melhor me ausentar?


As respostas não encontro nas vitrines
nem nas avenidas viram meu lar
permaneço num banco de praça
esperando você passar e me levar


Esta cidade é tão grande
há muitos becos e pouco horizonte
mas eu não me canso
hei de um dia lhe encontrar


Mesmo que a eternidade se vá
algo diz, mesmo assim,
uma hora você vai chegar
e vamos nos cruzar num olhar


Então de repente a noite chega
a cidade se acende em mil
há tantos corpos em copos nus
e sei que está em algum bar


Agora a cidade é eterna
e a noite tão bela
pois sua presença aqui está


Me sinto finalmente livre
não há mais muros a derrubar
e a chuva cai em horas belas


Você foi feito num sopro
meus desejos se ardem
vão se realizar, mesmo sem mar


Mas se não fosse esta cidade
somente em sonhos
eu poderia lhe achar.

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