sexta-feira, 4 de março de 2011


Havia uma cadeia no meio da sala, imóvel, calada, mas ela era rodeada por uma luz, branca, que bailava sem parar. Mas o que esta cadeira fazia ali? Por que ela permanecia ali inerte, sem respirar, sem olhar pro lado ou para trás? Ninguém entrava na sala para sentar nela. Nem para usá-la como escada ou para pendurar um casaco. Porém, ela não estava infeliz, ela transpirava gratidão, estava alegre por estar ali, no meio daquela sala. Uma sala onde nada se via, somente ela, em seu centro e o faixo de luz, que estava ali somente por ela. Mas porque ninguém a tocava? Nenhum carinho se fazia em seus braços. De repente, entra uma multidão, todos a fitam, ela parece perceber, fica imponente e austera. Nota-se até mesmo que ela dá um leve sorriso, esses de canto de boca. As pessoas a rodeiam, a observam com cuidado. Tocá-la nem pensar, ela poderia se irritar e sabe-se lá o que faria. Depois de uns minutos e muitos cochichos, as pessoas se retiram lentamente, ninguém olha pra trás, a ignoram agora. Ela sente, mas mesmo assim não deixa a tristeza sentar-se nela, ela sabe que amanhã, quando as portas do museu se abrirem, ela terá de volta seus súditos, seus admiradores, os olhares lânguidos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário