segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010


Nenhuma palavra me pertence,
me faço no silêncio,
nas sobras da noite.
Me moldo por entre figuras
cacofônicas e empedradas.
Forma-se em mim veias e artérias
que correm sal e éter,
que vão descendo até meus pés,
fincados no chão, nas sombras
que eu mesmo faço em mim.
Minha boca é caatinga
e só vocifera falsos açudes.
Não tenho mãos,
pois perdi os desejos.
Meu rosto é névoa densa
meus olhos jazem.
Abotoado está meu peito
que fecha-se com uma gravata
da cor da tempestade.
Nada mais procria em mim
só há mitose.

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