Minhas janelas estavam fechadas
Minhas mãos eram o deserto
Nada de caminhar para longe da superfície
Nenhum botão de flor ousava abrir perante meus olhos
A chuva era sempre fria e áspera
E meu corpo era só inverno no meio do mar
todos os locais lodosos estavam ao meu redor.
Mas algo fez cintilar no meio da noite cinza
Mofo e bolor reavivaram minha memória
O sol lutava por entre nuvens de sal
Em meu peito explodia sons em cetim dourado
Minhas pernas provocavam marremotos
Meu sangue roborizava minha face
O brilho de uma aurora surgiu em meu sexo
Meu corpo inteiro agora virara luxúria
E meu soriso traduzia minha alma
Um leve pardal pousou em mim
E cantou vida em meus rotos ouvidos
Estava novamente seco e febril
E com fome de todo o amanhã.
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