quinta-feira, 17 de março de 2011


Ontem eu vi seu rosto
estampado numa esquina
entre dois pontos difusos
mas nem olhei seus dentes

Seus passos me seguiam
mesmo no meio do salão
eles esbarravam nas luzes
na jukebox tocava uma só canção

Que me mantinha pra cima
mesmo com toda sombra
que há em mim
e silenciava meu coração
sempre com a solidão

Já não procuro mais nada
pois perdi meus anéis
nenhuma terra segura meus pés
só aquela canção de antes

Que me joga pra cima
me levanta no meio da multidão
faz tudo ficar invisível
até as minhas mãos

Então siga-me até o chão
olhe pra cima
faça sua própria canção
abrace sua solidão
e não se sentirá só.

Um comentário:

  1. Haja sol para extirpar as sombras que nos moldam o espírito! O maior dos desesperos é ter que se agarrar à própria solidão, condição inerente dos seres, como num abraço salvador. Uma busca interminável daquilo que não está fora de nós, mas que, equivocadamente, todos procuram no entorno, quando deveriam conformar com a paradoxal condição humana de seres solitários em meio às megalópoles e metrópoles. Sim, o que buscamos é a falta daquilo que em nós mesmos se encontra morto e oculto. Haja busca para sanar as sombras daquilo que em nós está morto desde sempre!

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